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PROJETO “LEITORES DA LIBERDADE”

O grande desafio para quem leciona Língua Portuguesa é fazer de seu aluno um bom leitor e um bom escritor, aguçando o prazer, o desejo e o interesse pela leitura. Os professores de Língua Portuguesa do Liceu estão desenvolvendo o Projeto “Leitores da Liberdade” com o objetivo de desenvolver uma metodologia de ensino que desperte nos alunos o interesse e o prazer de ler, um ensino voltado para práticas de leitura por fruição.

O Projeto oferece semanalmente momentos de leitura livre para os alunos e para o próprio professor, seja na sala de aula, na biblioteca ou no Laboratório de Informática. Todos os professores dessa disciplina estão dedicando uma aula por semana exclusivamente de leitura agendada no seu cronograma de ação. Durante essas aulas, o professor deixa disponível uma variedade de impressos para leitura, entre livros, revistas e jornais e deixa que voluntariamente seus alunos escolham aquilo que desejam ler: poemas, romance, aventura policial, livros de auto-ajuda, cordel, livros de piadas, revistas de informação semanal (Veja, Época, Isto É), fofocas e novelas (Caras, Contigo, Amiga), especializadas( saúde, informática, música, esportes), quadrinhos, gibis, humor, de religião, femininas (Cláudia, Nova, Marie Claire), revistas de horóscopo, científicas, etc.

O interessante é que não pode ser cobrada nenhuma atividade dessas leituras. A avaliação acontecerá sobre a quantidade de obras lidas. Os alunos registrarão no “Passaporte do Leitor” os livros que foram lidos ou que está sendo lido e o professor recolherá no final do bimestre para controle e avaliação das leituras feitas. Há uma quantidade mínima a ser lida por bimestre, os professores estabeleceram três obras. Caso o aluno não tenha lido a quantidade estabelecida por bimestre, ficará em débito acumulando maior número de obras do que o previsto para o bimestre seguinte. O critério de estabelecer a quantidade mínima de livros a serem lidos por bimestre, levará, no mínimo, ao final do ano letivo, o aluno a ler dez obras literárias.

Os alunos tornam-se leitores quando se envolvem em situações de leituras significativas, isto é, quando têm disponível material de leitura interessante que faça sentido para eles. E para fazer sentido tem que fazer relação com sua experiência e conhecimento prévio. Uma leitura que utiliza um vocabulário alto, com palavras raras, pouco usadas na vida cotidiana dos alunos ou mesmo arcaicas, dificulta a compreensão do que se está lendo e conseqüentemente desestimula a leitura. O projeto procura dar liberdade de leitura aos alunos de uma forma voluntária e prazerosa, já que não há nenhuma cobrança durante essas aulas, como resumos, fichas de leituras, etc. Esta proposta não exclui, obviamente, a possibilidade de trabalho esporádico, em sala de aula, com uma obra específica, fazendo o estudo coletivo de análises, discussões, júris simulados, etc., por exemplo, das obras mais procuradas pelos alunos.

O projeto é fruto do artigo “A questão da metodologia da leitura: um relato de experiência”, de minha autoria e fundamentado na teoria de João Wanderley Geraldi, contido no livro “O texto na sala de aula”(2006), que traz uma coletânea de textos voltados para um ensino de língua materna em contato com os textos, num exercício constante à leitura e a escrita. Seu título surgiu a partir do filme “Escritores da Liberdade”, onde a professora, personagem principal, desenvolveu o gosto pela leitura e a escrita, a partir de obras literárias ligadas ao mundo e a vida de seus alunos. Sua turma, considerada especial e excluída, era formada de jovens rebeldes, envolvidos em gangues e drogas. A educadora incentivou o hábito da leitura por prazer, partindo de livros que retratassem e espelhassem a vida cotidiana e real dos seus alunos, como “O diário de Anne Frank”, lidos por todos com ânsia e prazer. Este é o desejo do Liceu: buscar, então, leitores e escritores da liberdade!

Rejane Oliveira de Sousa Lopes
Profª Regente do Centro de Multimeios
Liceu de Camocim