sexta-feira, 9 de outubro de 2009


Atividade proposta pela Profª Elane Costa (Português) para a Turma do 3ºD e 3º E sobre o conto “A máquina extraviada”, os alunos realizaram a leitura do texto abaixo, desenvolveram artigos de opinião e apresentaram a sua produção textual para a turma. Confira os textos.

PROGRAMA ESCREVENDO O FUTURO
FORMAÇÃO PRESENCIAL

A máquina extraviada

 

Você sempre pergunta pelas novidades daqui deste sertão, e finalmente posso lhe contar uma importante. Fique o compadre sabendo que agora temos aqui uma máquina imponente, que está entusiasmando todo o mundo. Desde que ela chegou não me lembro quando, não sou muito bom em lembrar datas, quase não temos falado em outra coisa; e da maneira que o povo daqui se apaixona até pelos assuntos mais infantis, é de admirar que ninguém tenha brigado ainda por causa dela, a não ser os políticos.
A máquina chegou uma tarde, quando as famílias estavam jantando ou acabando de jantar, e foi descarregada na frente da Prefeitura. Com os gritos dos choferes e seus ajudantes (a máquina veio em dois ou três caminhões) muita gente cancelou a sobremesa ou o café e foi ver que algazarra era aquela. Como geralmente acontece nessas ocasiões, os homens estavam mal-humorados e não quiseram dar explicações, esbarravam propositalmente nos curiosos, pisavam-lhes os pés e não pediam desculpa, jogavam pontas de cordas sujas de graxa por cima deles, quem não quisesse se sujar ou se machucar que saísse do caminho.
Descarregadas as várias partes da máquina, foram elas cobertas com encerados e os homens entraram num botequim do largo para comer e beber. Muita gente se amontoou na porta, mas ninguém teve coragem de se aproximar dos estranhos porque um deles, percebendo essa intenção nos curiosos, de vez em quando enchia a boca de cerveja e esguichava na direção da porta. Atribuímos essa esquiva ao cansaço e à fome deles e deixamos as tentativas de aproximação para o dia seguinte; mas quando os procuramos de manhã cedo na pensão, soubemos que eles tinham montado mais ou menos a máquina durante a noite e viajado de madrugada.
A máquina ficou ao relento, sem que ninguém soubesse quem a encomendara nem para que servia. É claro que cada qual dava o seu palpite, e cada palpite era tão bom quanto outro.
As crianças, que não são de respeitar mistérios, como você sabe, trataram de aproveitar a novidade. Sem pedir licença a ninguém (e a quem iam pedir?), retiraram a lona e foram subindo em bando pela máquina acima, até hoje ainda sobem, brincam de esconder entre os cilindros e colunas, embaraçam-se nos dentes das engrenagens e fazem um berreiro dos diabos até que apareça alguém para soltá-las; não adiantam ralhos, castigos, pancadas; as crianças simplesmente se apaixonaram pela tal máquina.
Contrariando a opinião de certas pessoas que não quiseram se entusiasmar, e garantiram que em poucos dias a novidade passaria e a ferrugem tomaria conta do metal, o interesse do povo ainda não diminuiu. Ninguém passa pelo largo sem ainda parar diante da máquina, e de cada vez há um detalhe novo a notar. Até as velhinhas de igreja, que passam de madrugada e de noitinha, tossindo e rezando, viram o rosto para o lado da máquina e fazem uma curvatura discreta, só faltam se benzer. Homens abrutalhados, como aquele Clodoaldo seu conhecido, que se exibe derrubando boi pelos chifres no pátio do mercado, tratam a máquina com respeito; se um ou outro agarra uma alavanca e sacode com força, ou larga um pontapé numas das colunas, vê-se logo que são bravatas feitas por honra da firma, para manter fama de corajoso.
Ninguém sabe mesmo quem encomendou a máquina. O prefeito jura que não foi ele, e diz que consultou o arquivo e nele não encontrou nenhum documento autorizando a transação. Mas mesmo assim não quis lava as mãos, e de certa forma encampou a compra quando designou um funcionário para zelar pela máquina.
Devemos reconhecer – aliás todos reconhecem – que esse funcionário tem dado boa conta do recado. A qualquer hora do dia, e às vezes também de noite, podemos vê-lo trepado lá por cima espanando cada vão, cada engrenagem, desaparecendo aqui para reaparecer ali, assoviando ou cantando, ativo e incansável. Duas vezes por semana ele aplica caol nas partes de metal dourado, esfrega, esfrega, sua, descansa, esfrega de novo – e a máquina fica faiscando como jóia.
Estamos tão habituados com a presença da máquina ali no largo, que se um dia ela desabasse, ou se alguém de outra cidade viesse buscá-la, provando com documentos que tinha direito, eu nem sei o que aconteceria, nem quero pensar. Ela é o nosso orgulho, e não pense que exagero. Ainda não sabemos para que ela serve, mas isso já não tem maior importância. Fique sabendo que temos recebido delegações de outras cidades, do estado e de fora, que vêm aqui para ver se conseguem comprá-la. Chegam como quem não quer nada, visitam o prefeito, elogiam a cidade, rodeiam, negaceiam, abrem o jogo: por quanto cederíamos a máquina. Felizmente o prefeito é de confiança e é esperto, não cai na conversa macia.
Em todas as datas cívicas a máquina é agora uma parte importante das festividades. Você se lembra que antigamente os feriados eram comemorados no coreto ou no campo de futebol, mas hoje tudo se passa ao pé da máquina. Em tempo de eleição todos os candidatos querem fazer seus comícios à sombra dela, e como isso não é possível, alguém tem de sobrar, nem todos se conformam e sempre surgem conflitos. Mas felizmente a máquina ainda não foi danificada nesses esparramos, e espero que não seja.
A única pessoa que ainda não rendeu homenagem à máquina é o vigário, mas você sabe como ele é ranzinza, e hoje mais ainda, com a idade. Em todo caso, ainda não tentou nada contra ela, e ai dele. Enquanto ficar nas censuras veladas, vamos tolerando; é um direito que ele tem. Sei que ele andou falando em castigo, mas ninguém se impressionou.
Até agora o único acidente de certa gravidade que tivemos foi quando um caixeiro da loja do velho Adudes (aquele velhinho espigado que passa brilhantina no bigode, se lembra?) prendeu a perna numa engrenagem da máquina, isso por culpa dele mesmo. O rapaz andou bebendo em uma serenata, e em vez de ir para casa achou de dormir em cima da máquina. Não se sabe como, ele subiu à plataforma mais alta, de madrugada rolou de lá, caiu em cima de uma engrenagem e com o peso acionou as rodas. Os gritos acordavam a cidade, correu gente para verificar a causa, foi preciso arranjar uns barrotes e labancas para desandar as rodas que estavam mordendo a perna do rapaz. Também dessa vez a máquina nada sofreu, felizmente. Sem a perna e sem o emprego, o imprudente rapaz ajuda na conservação da máquina, cuidando das partes mais baixas.
Já existe aqui um movimento para declarar a máquina monumento municipal – por enquanto. O vigário, como sempre, está contra; quer saber a que seria dedicado o monumento. Você já viu que homem mais azedo?
Dizem que a máquina já tem feito até milagre, mas isso – aqui para nós – eu acho que é exagero de gente supersticiosa, e prefiro não ficar falando no assunto. Eu – e creio que também a grande maioria dos munícipes – não espero dela nada em particular; para mim basta que ela fique onde está, nos alegrando, nos inspirando, nos consolando.
O meu receio é que, quando menos esperamos, desembarque aqui um moço de fora, desses despachados, que entendem de tudo, olhe a máquina por fora, por dentro, pense um pouco e comece a explicar a finalidade da máquina, e para mostrar que é habilidoso (eles são sempre muito habilidosos) peça na garagem um jogo de ferramentas, e sem ligar a nossos protestos se meta por baixo da máquina e desande a apertar, martelar, engatar, e a máquina comece a trabalhar. Se isso acontecer, estará quebrado o encanto e não existirá mais máquina.
VEIGA, José J. A Máquina Extraviada. Rio, Ed.Prelo.1968.BOSI,
Alfredo (org.). O Conto Brasileiro Contemporâneo. 4.ed. São
Paulo: Editora Cultrix. 1981, p. 86-89.

Questionamento:
A qual máquina o texto se refere?
Deixe seu comentário.



Produções dos Alunos

A máquina trouxe ou não benefícios para a cidade?

Equipe: Wellington Oliveira, Evildo Moreira, José Mendes, Ricardo Lima - 3º E

O novo patrimônio é como qualquer outro, precisa ser zelado, protegido e acima de tudo é parte importante da cidade. É bem verdade que não se sabe de onde ela veio, mas a máquina se tornou patrimônio público. Com sua estrutura complexa e maravilhosa, a máquina atraia a atenção de muita gente, o que é bom para manter a harmonia da cidade.
Os moradores mais antigos estão contentes por poder contemplar uma coisa nunca antes visto no lugar. As crianças estão contentes por ter a máquina como brinquedo. Os adultos dizem que ela era tudo que a cidade precisava.
Temos, porém que questionar como aquela beleza veio parar do nada na cidade. O vigário disse: “Um treco que veio do nada só pode ser coisa de demônio”. O religioso até hoje não aprova a permanência da máquina no município. Embora a população tente esquecer de que a origem da máquina é questionável, não pode deixar de perguntar: “Algum dia levarão a maquina embora?”.
Os mistérios em torno da máquina, entretanto, não impedem que a população continue a admirá-la e a contemplar sua beleza.
Não se podem negar os benefícios que ela trouxe e que sua presença, além de agradável, não traz nenhum malefício social ou ambiental.
Enfim, uma verdadeira atração que surgiu do nada e se depender da população, não vai embora tão cedo. A máquina já faz parte do município.

Memórias


Essa é a máquina da felicidade? 

Equipe: Cilene, Ligiane, Ramoniele e Geane - 3º “E”


Uma típica cidade do interior. Onde tudo que surge de novo, é motivo pra grande curiosidade e às vezes espanto.
Camocim devidamente se encaixa nesses detalhes. Um certo dia,surge uma grande novidade que causa um rebuliço em toda cidade. Descobrimos isso e fomos desvendar o tal fato ocorrido. Chegamos lá e toda nossa equipe se espalhou,não demorou muito e cada um de nós voltava com um comentário de algum cidadão empolgado. Todos se aproximavam pra nos informar algo.
Ah! É um troço muito legal,a gente vai sempre lá brincar!!” Disse-nos um garoto muito sorridente. Faz uma sombra muito boa,adoro me refrescar nela!! Disse um senhor já de idade;demonstrando carinho no modo de falar.
Embora que tivéssemos pouco tempo ali, pessoas vinham nos contar o que achavam do “objeto não identificado”. Fizemos uma pequena caminhada, até chegarmos a praça, avistamos...Era um objeto grande, parecia ser bem pesado também.
Eu e minha equipe,tiramos nossas dúvidas do que seria quando colocamos os olhos nela; era uma grande MÁQUINA!! Não sei se de minha parte ser considerado um ato de egoísmo, mas pedi para que nenhum componente de minha equipe falasse o que sabíamos sobre ela. Adorava ver toda ingenuidade e curiosidade daquelas pessoas.
Eles transmitiam todo o carinho e afeto que sentiam à aquela coisa só no modo de olhar. De repente algo me prendeu,vi um respeitado vigário,com a cara amarrada a olhar-la;voltei em mim no momento em que uma dupla de senhoras me cutucou o ombro e falou: “Ele é o único na cidade que não aceita a máquina!! Bom, ele é a minoria”. Viraram e saíram. Após um longo dia trabalho, reuni toda a equipe e fomos discutir sobre aquele fato tão marcante naquela cidade.
Cada um de nós tinha algo a falar. Sabíamos de todos os detalhes sobre a máquina, desde sua chegada até os dias atuais, de como ela trouxe felicidade para aquela cidadezinha, e também, como a máquina foi cobiçada por pessoas que sabiam para que ela realmente servisse; mas, o carinho de todos era tão grande que não cederam á aquelas altíssimas ofertas.
Fomos embora, minha cabeça fervilhando de idéias para mostrar ao jornal. E meu peito cheio de orgulho por saber que existe pessoas tão cheias de amor a meras coisas e são realmente felizes por aquilo que possuem.
Conclui a mi mesma que Camocim era um simples cidade do interior, antes da chegada daquela máquina. E agora com ela lá, vejo que ela ainda é uma cidade do interior, mas cheia de alegria e muita história pra contar.


A incrível máquina extraviada


Equipe: Keyliane, Karine, Maria do Livramento e Maria de Fátima - 3º “E”


O chegar de uma máquina imponente na cidade, foi questão de uma grande novidade para o povo. Porém nem todos se entusiasmaram pela mesma. Pois garantiam que em poucos dias a novidade passaria e a ferrugem tomaria de conta do metal. Entretanto as outras pessoas,encantadas com tal “objeto”,não queriam saber de opiniões contrárias a sua, em relação a máquina .
A máquina fundamentalmente não trouxe nenhum beneficio que rendesse lucro para a cidade, pois serviu apenas para chamar a atenção do povo local, como de outras cidades, estados ou até mesmo país. Mas para os candidatos a prefeito serviu pra usufruir nas eleições à sombra dela, que era tão acariciada pela maioria das pessoas.
Pela vontade da maioria com exceção do vigário, a máquina iria torna-se um monumento municipal, expressando a ingenuidade daquele povo que se conformava e aceitava tudo o que lhe era imposto, sem verificar concretamente de onde veio e para que servisse tal “objeto.”
A máquina, além de um monumento, estava se transformando em um ídolo, pela maneira como as pessoas a tratava. Isto já estava fazendo parte da vida, do cotidiano de certas pessoas, de maneira que muitos tinham receio, quando descobrisse sua finalidade para o trabalho, na qual consideravam não ser mais aquela máquina que eles tanto admiravam.
Pois para eles não importava mais a sua função, mas apenas a novidade naquele simples lugar, manter como estava era mais importante do que fazê-la funcionar, pois provocaria mudanças eles não estavam preparados para mudanças, devido a isso penso que não trouxe benefícios, não acrescentou nada, apenas confirmou a passividade das pessoas.

Memórias de minha cidade

Equipe: Maria Luiza, Iraci, Francilene, Fabrícia - 3º "E"

Morávamos numa cidadezinha no Sertão, onde nada de importante acontecia, quando de repente aconteceu algo que nos surpreendeu, a chegada de um objeto estranho em uma tarde que estávamos passeando na casa de meus padrinhos, quando ouvimos gritos e empurrões nas calçadas, curiosamente saímos para ver o que estava acontecendo.
Entretanto, todos foram surpreendidos por um grande embrulho em cima de três caminhões, coberto por uma grande lona preta. Vários homens desceram dos caminhões e descobriram o que estava causando curiosidade. As senhoras que ali estavam desmaiavam ou ficavam em estado de choque, e as crianças choravam, e todos boqueabertos. E no mesmo momento pensavam como numa pequena cidade isso poderia acontecer.
Nossa cidade mudou, com a chegada da máquina, e virou um ponto turístico, vinham pessoas de vários lugares, jornalistas e fotógrafos. Não posso imaginar como seria minha cidade sem a máquina.

 
Fato ocorrido na cidade Canto das Pedras
Jornal JT


Equipe: Janielle, Janille, Dayane, Roberto - 3º E 

Boa tarde! Vamos começar mais um Jornal JT, falando diretamente da cidade Canto das Pedras, onde ocorreu um fato exclusivo, a chegada de uma máquina.
Agora vamos falar com a repórter Mariana Medes.
___Boa tarde!
___Boa tarde!
Estamos aqui na cidade de Canto das Pedras uma cidade turística,e mais atrativa, com a chegada da máquina extraviada.
Agora estou chegado perto de um morador da cidade.
___Boa tarde senhor!
___Boa tarde.
Repórter:
___Como ficou a cidade após a chegada da máquina ?
Morador:
___A cidade ficou mas movimentada, animada, às crianças estavam mais alegres, a cidade se tornou turística, tem mais oportunidades de emprego por conta das construções de hotéis, pousadas, entre outros, enfim a cidade tornou-se um dos pontos turísticos mas atraentes do estado.
Repórter: então muito obrigada pela sua atenção, estamos mais uma vez finalizado o nosso Jornal JT
Boa tarde a todos.

2 comentários:

  1. LEIDIANE BRILHANTE 3°E
    Este artigo de opinião esta otimo para compreensão do leitor,ate melhor de entender do que o proprio texto,com palavras claras e objetivas foi feito por essa equipe maravilhosa este otimo artigo.
    Entenderam realmente o texto e da tal maquina extraviada que chegou naquela cidade do interior,valeu
    parabens.

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  2. O artigo de opinião esta muito bom, eu entende melhor ele do que o propio texto.
    Percebil que eles conseguirão entender bem o texto e fizerão um otimo artigo, eles estão de parabéns.

    ARMANDO 3º"E"

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